quinta-feira, 3 de abril de 2014

Desabafo...


Já faz algumas semanas que os dias tem passado exatamente iguais.

Durante as manhãs me distraio girando na cama de um lado pro outro, até ter forças pra levantar enquanto o despertador toca em loop a cada 9 minutos, por pelo menos por duas horas.

Após o café da manhã (que só tomo as terças, quintas e sábados – dias que disponho da companhia da diarista), me jogo no sofá e “acesso” a vida que se mantém normal, aparentemente.

Logo em minhas redes sociais, onde vejo um monte de coisa que às vezes me distrai e outras tantas me aborrece ou magoa. Confiro meus emails, que não se movem dos marcadores organizados que fiz pra cada assunto na caixa de entrada, esperando uma boa noticia.

Durante as tardes, eu saio pra fazer alguma coisa inútil, ou revejo episódios de series de tv, que já assisti antes.

Às vezes tenho a sorte de sair pra encontrar alguma pessoa querida ou até mesmo faço isso virtualmente, através de msn ou facebook, e com isso me sinto melhor, com a energia renovada por instantes...

Minto (ou omito, não sei bem definir a ação) quando me perguntam sobre o trabalho e meus planos ou sobre amores e, principalmente, se perguntam como estou me sentindo.

Eu sabia que não ia ser fácil, mas não podia imaginar que as coisas seriam tão complicadas.
Mas pensando bem, eu deveria saber... tinha que saber.
Pois terminar um relacionamento, sair do emprego que amava, mudar de casa, de rotina, perder a estabilidade financeira e estar emocionalmente vulnerável, era demais para acontecer ao mesmo tempo. 

Demais até pra mim!

Durante a noite tem tudo acontecido igual, como se fosse programado. 
Independente de ter acontecido um encontro divertido com amigos, um papo promissor de negócios ou uma movie session cheia de mimos oferecida por mim, pra mim mesma.
Espero não aguentar mais de sono pra ir pra cama.
Faço minhas reflexões e quando deito minha cabeça no travesseiro, choro.

Não lembro a última vez que me senti (se é que já me senti assim antes) tão sozinha e frágil como agora.
Mais de uma vez me pergunto se realmente valeu a pena pensar mais no bem dos outros do que no meu próprio bem estar. 

Me questiono se realmente vale a pena fazer “a coisa certa” mesmo sabendo que seremos somente nós mesmos que vamos nos ferrar por causa disso. Fazer a coisa certa vale mesmo a pena?! 
Isso martela na minha cabeça.

Fico com vontade de falar sobre isso com meus pais ou meu irmão, mas não posso. 
Prefiro passar por isso sozinha do que preocupa-los comigo, pois sei que se preocupam naturalmente com isso, só pelo fato de eu estar aqui sozinha. Então ligo pra eles, digo que está tudo bem e ouço sobre as rotinas deles.

Penso em falar com meus amigos, mas não acho que seja certo envolve-los, pois sei que cada um deles tem seus próprios problemas pessoais pra resolver. E quando chego no limite e tomo coragem, parece que eles estão sem paciência ou ocupados demais para escutar.

Hoje ouvi de uma “amiga” que trabalhava comigo (e que eu gostava muito, além de respeita-la) que ela se afastou de mim nessas últimas semanas, pois falar comigo “não é saudável” pra ela, até que ela saiba o que quer fazer em relação ao trabalho. Wow… declaração que me deixou muito confiante de levar essa conversa adiante com os outros amigos. #not

Se posso falar com o terapeuta que pago semanalmente?! 
É lógico que posso.
E faço isso.

Detalho cada sensação e situação que tenho vivido. 
Meus medos, minhas vontades, minhas decepçõess, meus sonhos. 
E juntos chegamos a algumas respostas para as minhas dúvidas e receios. 
Mas não ganho nenhum abraço ou cafuné depois, seguido de um “vai ficar tudo bem, querida”. 
E disso que estou sentindo falta. 
Disso que me sinto totalmente desprovida.

Tentando manter minha cabeça ocupada, não abri mão de algumas rotinas como aula de inglês, massagem, terapia… e isso tem ajudado bastante.

Mas todo dia, na hora de dormir é a mesma coisa.
O choro vem.
E com ele uma caixa cheia de sentimentos e medos, que me obrigam a pensar sobre os acontecimentos, questionar minhas decisões e o pior de tudo, me faz sentir uma tristeza infinita ao perceber que estou só.


Faz perceber que são 5:24 da manhã e por mais triste que eu esteja, não tenho com quem conversar ou ficar junto, mesmo que em silêncio.

(texto de 01.08.2011 - não publicado)

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