quinta-feira, 21 de abril de 2016

Ignorância que dói na gente


"Ignorante:

adj. m e adj.f. Característica da pessoa que não possui instrução; que desconhece determinado assunto; que não está ciente de algo. Qualidade de quem é inocente: um sujeito tão puro, ignorante.
adj. m e adj.f. Qualidade de quem não conhece alguma coisa por não tê-la estudado. Que possui comportamentos grosseiros; que é estúpido ou rude.
s.m. e s.f. Pessoa que possui essas características.
(Etm. do latim: ignorans.antis)."

Quando se trata de sentimentos que não sentimos, somos todos ignorantes. Se nomear nossos anseios, paixões e sentimentos já é tarefa difícil, imagine entender o que corresponde aos que os outros sentem. Prefiro acreditar, no entanto, que os sentimentos são sempre os mesmos dentre uma lista pequena de suspiros conhecidos e apenas são pluralizados em listas maiores por questões de semântica.

Mas a razão não é amiga do que sentimos. Entre o que sabemos e o que sentimos, existe um universo. E entre o que sabemos sobre os sentimentos dos outros e o que esperamos, um buraco negro.

É normal alguém nos dizer uma coisa com tranquilidade e de forma sincera, com expectativa zero de reação da nossa parte e aquilo nos devastar?! Tem sido possível. Pois pela contagem, estamos na terceira rodada (desce mais uma taça de vinho, aproveitando que tocamos no assunto sobre contar) de situações repetidas (tenho que perder esse TOC de ficar contando as coisas).

A razão me diz: cada um de nós, é um mundo. Um mundo único.
Cada um sabe o que sente, cada um sabe de si. Cada tem sua unidade de medida. Cada um tem uma palavra para definir determinada coisa. É como pessoas que olham a mesma cor e pra uma é verde e pra outra azul. Pra outra que chega, pode ser azul esverdeado e pra uma quarta pessoa, um verde azulado. É questão de ponto de vista. E não há verdade ou mentira absoluta em cada uma destas visões.

Falar de cor é fácil. Foda-se qual tom que tem, afinal.

Mas quando se fala de sentimento - sentimento que não é a gente que sente, que a gente não sabe o que tem por trás, o quão é grande ou pequeno, o quão é fake ou verdadeiro - somos completos ignorantes.

E essa ignorância dói.
Pois ela dá vazão a imaginação, a dúvida e a memória (caralho, odeio ter tão boa memória e guardar coisas corriqueiras com detalhes tão preservados).
Uma série de sentimentos - seus - que são tão bons e tão grandes e tão únicos, tornam-se tão doloridos, quando não entendemos certas palavras.

E são sempre elas, as palavras.
Palavras ditas sem pensar, escritas sem correção e jogadas em você sem a menor cerimonia. Mas que ferem os nossos sentimentos e fazem com que todas as perguntas sem resposta do universo pairem acima da sua cabeça. E claro, enquanto sobrevoam todos seus medos, receios e feridas, exigem de você um sorriso de canto de boca demonstrando lucidez. Pois é obvio: apenas uma pessoa fora de sí daria três voltas entre o espaço sideral, novelas mexicanas e lembranças tristes, por tão poucas palavras ditas. Palavras tão óbvias e racionais, né?!

...
Sabe aquela dor que dói e que chega a rasgar e te fazer ter vontade de deitar no colo da sua mãe, quando ainda tinha 2 anos de idade e tu acreditava que um beijinho no machucado dolorido ia fazer sarar como magica?!
...

Não queria ser tão ignorante quanto a isso - na verdade não sou: pois sei que as pessoas amam de jeitos diferentes e que isso não faz com que um amor ou outro seja maior ou mais puro, só não consegui criar um elo entre o saber e o sentir, que me deixe em uma posição mais confortável - pois sei que não vou saber medir o que os outros sentem ou se o que sentem é tão real quando o que sinto.

Só queria que de todas as ignorâncias que vão me acompanhar durante a vida, essa se curasse, sem que eu tivesse um buraco dentro do meu coração. Just it.


(texto de 21.04.2013 - publicado oculto no FB)

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Achados e Perdidos


Faz algum tempo que tenho estado diferente...

O último ano foi muito complicado e cheio de mudanças na minha vida... cheio de mudanças em mim.

Foi um ano bom nos sentidos práticos: familia, carreira, dinheiro.

Mas nos sentidos teóricos, foi um ano muito confuso.

Estou diferente, querendo coisas diferentes e querendo tudo e nada ao mesmo tempo.

Nunca estive como agora: sem me entender... sem saber pra onde quero ir... sem saber com quem quero estar... e o pior: querer estar com quem não posso!

Ouvi de um terapeuta de verdade, que isso é comum na crise dos 30.
Ufa! Tava achando que a loucura tinha tomado conta dos meus sentidos.

Esse blog vai ser minha terapia sem terapeuta!
Para que eu escreva o que sinto e divida todas minhas tentivas em me encontrar.

Ou me perder de vez!



(primeiro texto publicado no mulhernacrisedos30 - 15.01.10)

Máquina do tempo


Pra mim, se pudesse ter uma máquina do tempo com controle de ida-e-volta, mais importante do que voltar no tempo para mudar as coisas feitas, palavras ditas, promessas quebradas e decepções vividas, eu ia querer ir até o futuro. Saber o que me espera em um, cinco, dez, vinte anos... Ou até em uma semana, já que essa é fração de tempo do dia.


Essa decisão é porque não tem nada no passado que eu me arrependa?! Claro que tem! 
Muita coisa não repetiria nem sob tortura alemã. 
Mas acho que tenho mais sentimentos/medos/receios/curiosidade/pavor/ansiedade em relação ao amanhã, do que qualquer "remoída" de passado que ficou pra trás.

Não me venha com o papinho de que "o hoje é o que importa"! Bullshit!
Nosso hoje é pensando no amanhã... a cada pedacinho de agora é construção, é projeção.
O que escolhemos hoje é embasado em uma perspectiva
ou anseio 
ou sonho 
ou querer. 
Ou não querer.

Mas, como saber se o que estamos vivendo faz sentido... se vai valer a pena... se não vai ser mais uma história triste pra contar com mágoa daqui uns anos?! Como, hein?! 

RÁ!
Não tem! 

(respostinha previsível)

Me resta continuar vivendo um dia de cada vez e torcendo que as decisões sejam as certas.
Que as palavras sejam bem colocadas e cada frase que ouço, bem interpretada.
Resta contar até cem e (tentar) entender que as pessoas são individuos diferentes.
Inclusive as que eu amo. 
Em sete bilhões de habitantes, não tem ninguém que seja igual, que pense exatamente como um outro alguém. Se tivesse, ia ser chato se ambas caíssem juntas, vai-dizê?!

Uma vez minha mãe me contou uma histórinha, sobre um pai que dá um prego e um pedaço de madeira pro filho que vive brigando com as pessoas, pois ele não tem uma super paciência. Disse que cada vez que sentisse vontade de brigar, xingar e humilhar, não fizesse e colocasse o prego na madeira, como valvula de escape.
Com o passar do tempo, cada dia que passava o menino se controlava um pouco mais e conseguia colocar mais pregos na madeira do que discutir com as pessoas. Passado um tempo, o menino se tornou um anjo. A paciência em forma de gente. Nem precisava mais da madeira e dos pregos, pra controlar sua raiva.
Foi devolver pro seu pai. Quando chegou lá, o pai mandou ele tirar todos os pregos da madeira e quando o filho terminou, ele perguntou: os pregos saíram fácil da madeira, mas o que tu enxerga olhando pra ela? - e o filho respondeu: buracos. A moral da história (que é super bonitinha apesar de eu ter contado assim meia-boca) é que nossas brigas são os pregos e por mais que passe o momento e a gente peça desculpas e/ou se arrependa, o furo foi feito. Está lá. Aquela marca não sai nunca mais!

No fim das contas, queria voar no tempo para saber como controlar os meus "pregos" hoje, pra não deixar marcas em quem eu amo, já que me arrepender não vai adiantar... vai deixar marcas. 

Pois os pregos colocados em mim, estão lá... tachina pequena, parafuso, vergalhão, não importa. Já deixaram sua marca. 

E por mais que eu queira, marca não se esquece.

Está lá pra nos lembrar o que foi/como/onde aquilo apareceu.

(texto de 27.10.2012 - publicado no mulhernacrisedos30)

Save the last dance for me


"You can dance-every dance with the girl
Who gives you the eye, let him hold you tight
You can smile-every smile for the woman
Who held your hand neath the pale moon light
But don't forget who's takin' you home
And in whose arms you're gonna be
So darling... save the last dance for me

Oh... I know that the musics fine
Like sparklin' wine, go and have your fun
Laugh and sing, but while we're apart
Don't give your heart to anyone
And don't forget who's takin' you home
And in whose arms you're gonna be
So darling... save the last dance for me"

http://www.youtube.com/watch?v=LAjfB0XfjkA

(texto de 21.02.2012 - publicado no mulhernacrisedos30)

Resposta, cadê você?


Fico pensando: onde eu posso estar errando?!
Pois estou. Isso é óbvio. 
E feio. E nos últimos 3 anos (ou mais, vai saber).
Mas no último ano, eu me superei. 

Está bem difícil ter tantas perguntas e resposta alguma para nenhuma delas.

Quero qualquer resposta que apenas faça as coisas parecerem que estão como e onde deveriam estar. Ou que mostrem que nada faz sentido e eu deva abandonar tudo e ir pro Alasca. 
Sei lá, tipo amanhã.

As coisas estão bem confusas já faz um tempo. 
Cada vez mais.
E eu estou muito "aaaaaaaaaaaaaaaaargh" com tudo isso.

Preciso aprender a lidar com as situações enquanto eu não ter as respostas.
Preciso achar a receita de um campo de força que possa me proteger de toda essa loucura.
De toda essa confusão.
De mim mesma.

(carinha triste).

Bem, enquanto isso... vou beber um vinho e ouvir rock.
Quem sabe, não tão lúcida, eu consiga entender o que estou fazendo e por que estou tão distante do que queria ter perto.

Que Baco ilumine minha noite! 

(texto de 28.10.2011 - publicado no mulhernacrisedos30)

Capítulos



Há meses o fantasma de um caso/amor/paixão que não vingou, me perseguia.

Eu acordava assombrada pela primeira noite que ficamos juntos.
Minha primeira xícara de café do dia era acompanhada da lembrança daquele toque de pele que me deixava sem ar.

Eu ia dormir com medo que as conversas evasivas que tínhamos, buscando uma resposta dos porquês que não tinha dado certo, iam me sufocar a noite.

Colocava a culpa nesse roteiro inacabado, para todas minhas decisões medrosas.
Para todos os meus "nãos".

Toda vez que não me permitia fazer algo, não dizia que era falta de coragem. Eu dizia que "era aquela história mal resolvida, que não me deixava seguir em frente, pois a gente precisava colocar um ponto"...

Rezava com uma oportunidade de resgatar aquela história pra mudar o fim dos personagens.
Aqueles que eu tinha tantos planos, tantas expectativas.
Tanto desejo!

Hoje li a última página do capitulo final.

Não terminou como eu esperava, mas terminou.


...

Estou com medo.

Medo porque agora não tenho mais uma desculpa. Não tenho mais um motivo pra me esconder. Não tenho mais um fantasma pra me assombrar.

Às vezes é mais cômodo ficarmos amarrados em uma história antiga que nos faz mal (que já estamos acostumados) do que nos desamarrarmos para uma história nova.
Afinal de contas aquela dor, aquele fantasma... já são conhecidos.
Já sabemos como lidar.
É mais fácil vivermos com algo que nos faz mal, do que abrir mão do medo. Daquele medo de passar tudo de novo.

...

Virei a página.
Tenho capitulo novo: cheio de páginas em branco pra escrever amores, beijos e cores.

E espero que na próxima história eu consiga ser mais eu.

Sem medo de ser feliz!

...

Às vezes a confusão de sentimentos e de "quereres" dentro da gente é tão grande, que nos faz pensar que estamos beirando a loucura.

(texto de 30.01.2010 - publicado no mulhernacrisedos30)

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Sou doida mesmo!


Que a mulherada é meio louca, isso todo mundo sabe.
Que a gente muitas vezes fala uma coisa, querendo dizer outra, mais sabido ainda.

O que foi? -Nada (na verdade, tudo)
Posso ir lá então? -Faz o que você quiser (se for, tu me paga)

Essas coisas do dia-a-dia que toda mulher passa.
E que todo homem pira.

Mas uma coisa me deixa mais doida que o normal.
É alguma coisa diferente/estranha estar acontecendo, nitidamente, e a pessoa vai e faz uma cara de paisagem, como se estivesse tudo bem. Mel na chupeta. Mergulho na lagoa. VSF!

Aí, você tentando ser menos maluca que a média, você responde ao te perguntarem o que tens (pois obviamente sua cara não está lá muito amigável): 

Estou chateada! 

Obviamente, quando se fala a verdade ao invés de começar a brincar de "adivinho", se espera que a pessoa tenha alguma reação. Uma reação de questionamento a resposta, pelo menos:


Por que? 

ou

Quer conversar sobre?

ou

Posso fazer alguma coisa pra ajudar?

Mas-o-que-fa-zer-se-nhor, quando você diz que está chateada, pois a coisa não tá boa, tá estranha, tá maluca, tá sinistra, e a pessoa diz "Chateada? Aff, sem motivo"?

(Esse é o momento que eu fico verde e me transformo no Hulk)

É.
Verdade. No reason!
O motivo de você ser (ou estar se passando por) um tapado, já seria suficiente.

Grrrr.

O que mais chateia nesse momento é não ser óbvio o que está errado.

Quer saber?!
Pra atestar minha maluquice de direito (sou mulher, posso ser doida mesmo e que se foda) agora nem eu sei o que está me deixando chateada. 

(Mentira, sei sim).

Mas vou contar pra garrafa de vinho que estou abrindo, pois eu, como era pra ser e aprendi que é o certo pra se viver, sou minha melhor cia.