segunda-feira, 7 de julho de 2014

Máquina do tempo


Pra mim, se pudesse ter uma máquina do tempo com controle de ida-e-volta, mais importante do que voltar no tempo para mudar as coisas feitas, palavras ditas, promessas quebradas e decepções vividas, eu ia querer ir até o futuro. Saber o que me espera em um, cinco, dez, vinte anos... Ou até em uma semana, já que essa é fração de tempo do dia.


Essa decisão é porque não tem nada no passado que eu me arrependa?! Claro que tem! 
Muita coisa não repetiria nem sob tortura alemã. 
Mas acho que tenho mais sentimentos/medos/receios/curiosidade/pavor/ansiedade em relação ao amanhã, do que qualquer "remoída" de passado que ficou pra trás.

Não me venha com o papinho de que "o hoje é o que importa"! Bullshit!
Nosso hoje é pensando no amanhã... a cada pedacinho de agora é construção, é projeção.
O que escolhemos hoje é embasado em uma perspectiva
ou anseio 
ou sonho 
ou querer. 
Ou não querer.

Mas, como saber se o que estamos vivendo faz sentido... se vai valer a pena... se não vai ser mais uma história triste pra contar com mágoa daqui uns anos?! Como, hein?! 

RÁ!
Não tem! 

(respostinha previsível)

Me resta continuar vivendo um dia de cada vez e torcendo que as decisões sejam as certas.
Que as palavras sejam bem colocadas e cada frase que ouço, bem interpretada.
Resta contar até cem e (tentar) entender que as pessoas são individuos diferentes.
Inclusive as que eu amo. 
Em sete bilhões de habitantes, não tem ninguém que seja igual, que pense exatamente como um outro alguém. Se tivesse, ia ser chato se ambas caíssem juntas, vai-dizê?!

Uma vez minha mãe me contou uma histórinha, sobre um pai que dá um prego e um pedaço de madeira pro filho que vive brigando com as pessoas, pois ele não tem uma super paciência. Disse que cada vez que sentisse vontade de brigar, xingar e humilhar, não fizesse e colocasse o prego na madeira, como valvula de escape.
Com o passar do tempo, cada dia que passava o menino se controlava um pouco mais e conseguia colocar mais pregos na madeira do que discutir com as pessoas. Passado um tempo, o menino se tornou um anjo. A paciência em forma de gente. Nem precisava mais da madeira e dos pregos, pra controlar sua raiva.
Foi devolver pro seu pai. Quando chegou lá, o pai mandou ele tirar todos os pregos da madeira e quando o filho terminou, ele perguntou: os pregos saíram fácil da madeira, mas o que tu enxerga olhando pra ela? - e o filho respondeu: buracos. A moral da história (que é super bonitinha apesar de eu ter contado assim meia-boca) é que nossas brigas são os pregos e por mais que passe o momento e a gente peça desculpas e/ou se arrependa, o furo foi feito. Está lá. Aquela marca não sai nunca mais!

No fim das contas, queria voar no tempo para saber como controlar os meus "pregos" hoje, pra não deixar marcas em quem eu amo, já que me arrepender não vai adiantar... vai deixar marcas. 

Pois os pregos colocados em mim, estão lá... tachina pequena, parafuso, vergalhão, não importa. Já deixaram sua marca. 

E por mais que eu queira, marca não se esquece.

Está lá pra nos lembrar o que foi/como/onde aquilo apareceu.

(texto de 27.10.2012 - publicado no mulhernacrisedos30)

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